Motivos intrínsecos e extrínsecos

Ricardo LaudaresAprender um Instrumento Musical, Prática Musical

Jogar futebol é bom pra emagrecer; estudar técnica vocal é bom para falar em público; tocar um instrumento é bom para o cérebro e para a memória; fazer teatro é bom para combater a timidez; etc, etc, etc…

Todas essas atividades podem ser boas por si só, e podem ser boas para outras coisas que estão indiretamente relacionadas. Quando eu quero aprender Música simplesmente porque quero aprender Música isso é um motivo intrínseco. Quando eu quero aprender Música porque eu vou melhorar uma outra habilidade como efeito colateral, isso é um motivo extrínseco.

Motivos extrínsecos podem aparecer em dois momentos. Vamos supor que a pessoa sempre teve vontade de aprender violão. E aí ela começa a aprender e percebe que aquilo vai além do instrumento. Que ao praticar ela se conhece melhor, lida melhor com seu perfeccionismo, ou desenvolve sua paciência. Ela percebe que tocar faz bem para descansar a mente, como uma meditação… Ou quem sabe, ela lê que praticar Música faz pro cérebro… Nessa primeira situação ela começou por motivação intrínseca, mas agora ela tem motivos extrínsecos para continuar sua prática. Dito de outra forma, ela tem mais motivos para continuar investindo no aprendizado do instrumento.

E às vezes acontece o contrário. A pessoa resolve aprender um instrumento porque acredita que isso lhe trará outros benefícios, que não simplesmente o prazer em tocar. 

Isso aconteceu comigo quando resolvi fazer aulas de dança. O gatilho para começar foi que eu acreditava que dançar iria melhorar o meu senso rítmico, uma vez que eu teria que traduzir o meu conhecimento de música para o corpo. 

É importante ressaltar que esse foi apenas o gatilho. O que me manteve nas aulas de dança por algum tempo, e o que me faz ter vontade de dançar até hoje é o motivo intrínseco. Eu gosto de dançar! (Não sou muito bom, mas eu gosto!).

Eu acredito que um motivo extrínseco não se mantém por muito tempo sozinho. Ele ajuda. Ele pode vir como gatilho pra começar, ou para dar mais razões para fazermos alguma coisa. Mas a atividade em si precisa nos dar alguma motivação, do contrário é muito difícil sustentá-la.