Algumas pessoas sabem cantar afinadas naturalmente. Aprenderam sozinhas. Outras não, outras precisam de orientação.
Uma prática que eu uso para testar essa questão da afinação é a seguinte: eu toco/canto uma nota e peço para o aluno repetir. Os que repetem imediatamente com alguma precisão correspondem ao primeiro grupo. Aqueles que ao tentarem imitar, cantam uma nota bem diferente da que ouviram, correspondem ao segundo.
Eu tenho alunos que se encaixam nessas duas categorias. E o mais legal, eu tenho alunos que não conseguiam, mas que com algum treino passaram a conseguir cantar afinados.
Todo o processo que eu uso para ensinar afinação não cabe nesse texto. Mas uma coisa que eu acho interessante, e que se aplica em vários outros casos é a seguinte:
A parte mais difícil é aprender a cantar a primeira nota afinada.
No começo, parece impossível. O aluno tenta, tenta, tenta e não consegue. E depois consegue. E depois eu mudo a nota e é difícil novamente… E na outra aula fica difícil novamente. Dezenas de tentativas até conseguir um mínimo progresso.
Até aí o processo promete ser impossível. Todo esse trabalho pra conseguir cantar uma única nota certa! Imagina pra cantar uma música inteira??
Só que não…
A parte mais difícil é cantar uma nota certa. Depois que se aprende a cantar uma certa, as outras começam a ficar bem mais fáceis. Eu percebo que os alunos que fazem apenas esse treinamento de cantar afinadamente uma única nota transportam essa habilidade para as músicas que cantam. Sem nenhum treino adicional, passam a cantar de maneira bem mais afinada, quase que naturalmente.
A moral da história é:
Às vezes um obstáculo desanima, porque se fazer uma única coisa parece impossível, imagina fazer várias dessa mesma coisa. No entanto, às vezes vencer um obstáculo pode significar eliminar instantâneamente diversos outros que ainda estavam por vir.