Uma das minhas histórias preferidas do fantástico livro A Arte da Possibilidade, é a do hoje famoso Maestro Ben Zander, que quando era criança, aprendendo violoncelo, estava indignado porque não conseguia tocar uma parte mais difícil de uma música. Foi quando o seu professor, em tom irônico lhe disse:
“Que coisa, você já está praticando tem 5 minutos e ainda não conseguiu aprender?”
Eu às vezes lembro dessa história nas aulas de teclado em grupo que ministro na Escola Regular. Às vezes eu passo uma música e algumas alunas falam que não querem tocar, e inventam desculpas como: “eu não gosto dessa música”; “eu não vim na aula passada e portanto estou atrasada em relação às minhas colegas”, etc…
E na verdade, eu percebo que o motivo dessa queixa é que elas tiveram uma mínima dificuldade, e o caminho mais fácil foi desistir…
Mas aí eu insisto que não vamos mudar de música, e que vou ajudá-las. E mostro com calma o que elas podem fazer. E depois de literalmente 5 minutos elas mudam seu estado completamente, e com uma grande animação e felicidade, exclamam: consegui! consegui!!
Elas não sabem, mas quem ficou mais feliz nessa ocasião fui eu. Não só porque elas aprenderam um pouco mais de Música, mas principalmente pela experiência que tiveram de se sentirem incompetentes e com algum esforço tornarem-se competentes. É claro que essa é apenas uma pequena dose, e que essa habilidade de tolerância à incompetência momentânea é como um músculo. Precisa ser exercitada para ter cada vez mais potencial.
Mas essa geração que recebe tudo pronto e rapidamente, seja dos pais ou a poucos toques no celular, precisa começar com doses pequenas. Não tenho dúvidas que esse é um dos grandes benefícios de aprender Música para crianças e adolescentes. Esse aspecto sempre foi importante, mas atualmente é ainda mais.