Escolha seus dedos (e não troque)

Ricardo LaudaresPrática Musical

Eu já escrevi sobre como é importante treinar sempre usando os mesmos dedos, em especial quando é necessário memorizar e automatizar bem o processo para conseguir tocar. Isso ajuda a decorar. Porque uma coisa é: “tenho que tocar a corda 3 na casa 5”. Outra coisa é “tenho que tocar a corda 3 na casa 5 com o dedo 1”. Essa última tem um elemento a mais para ancorar na memória. 

Num dedilhado essa prática é ainda mais importante. Em especial um dedilhado “fingerstlye”, eu quero dizer, aquele dedilhado que além de fazer acordes tem trechos melódicos onde há uma mistura de acordes com solos dentro do dedilhado.

Porque aí, o pensamento é: “vou tocar a corda 3, na casa 5, com o dedo 1 da mão esquerda e o dedo indicador da mão direita”. Só de falar percebe-se que é muita coisa para pensar ao mesmo tempo. Talvez por isso, muitas vezes meus alunos fazem de maneira mais solta, e a escolha dos dedos fica improvisada. Numa hora usam o dedo 1, noutra o dedo 2. Numa usam o indicador, noutra o médio. 

Esse “atalho” acaba atrasando o processo. Ter a paciência de pensar cuidadosamente nos dedos que vai usar e treinar com muita calma – lento o suficiente para dar tempo de prestar atenção em todos esses elementos – é o jeito mais rápido de memorizar e automatizar essas coisas complexas. 

No início é difícil escolher os melhores dedos da mão esquerda e direita, por isso aprender com um professor ou uma boa vídeoaula é importante. Com o tempo pega-se o jeito de fazer boas escolhas. De qualquer forma, melhor escolher um jeito pouco eficiente e mantê-lo, do que ficar tocando cada hora de uma maneira.