Escrever o número de repetições ou copiar de novo

Ricardo LaudaresMemorização musical, Prática Musical, Teoria Musical

Geralmente as músicas tem partes que se repetem. Na hora de escrever músicas pros alunos, sejam os acordes ou tablaturas, eu costumo escrever as partes e marcar que elas se repetem.

Isso é o contrário do que recomenda Adam Neeley (em um vídeo que não consegui encontrar, mas aqui está o canal dele no YouTube). Ele diz que quando escreve partituras para tocar num show ele prefere anotar todas as partes repetidas, não importa quantas folhas isso gaste, para que ele sempre leia do começo ao fim, sem ter que fazer nenhuma volta.

Eu entendo porque ele faz isso, e de fato às vezes causa menos confusão numa leitura. Mas acho importante separar a prática dele como instrumentista da minha de professor.

Quando eu uso uma anotação que fala das repetições eu estou ensinando não só o aluno a ler, mas também a entender a estrutura da música. Se fosse só facilitar a leitura, talvez realmente fosse mais fácil anotar todas as partes repetidas ao invés de marcar quantas vezes uma determinada parte é tocada.

Mas quando o aluno tem que pensar na repetição ele entende melhor a estrutura. Ele percebe por exemplo, quantas vezes um ciclo de acordes se repete no verso, ou no refrão. Ele entende que cada ciclo de acordes corresponde a uma parte da música, e percebe qual o tamanho proporcional de cada parte (ex: um refrão que repete um ciclo de 4 acordes 8x tem o dobro do tamanho de um verso que repete outro ciclo de acordes por 4x).

O ideal mesmo seria o próprio aluno anotar a estrutura da música (nota mental: colocar isso em prática nas aulas). Porque colocar no papel é um ótimo jeito de assimilar a estrutura de uma música. Mas quando a leitura envolve algum raciocínio, como por exemplo, pensar quantas vezes cada parte se repete, isso também contribui para o aluno assimilar a estrutura e memorizar a música.