Não somos médicos nem engenheiros

Ricardo LaudaresAprender um Instrumento Musical, Prática Musical

Ninguém gosta de errar. Mas não dá pra negar que para algumas pessoas, o erro dói bem mais do que para outras.

Errar numa apresentação em público é chato. Mas até em aula eu vejo alguns alunos que ficam muito frustrados com o erro. Vejo até na aula particular de Música, um local totalmente seguro, onde estão apenas professor e aluno em um ambiente íntimo, projetado para o aluno explorar, tentar, e errar quantas vezes precisar.

Acho que o problema começa na Escola. Lá fomos ensinados a não errar. A sermos valorizados apenas pelas respostas certas, não pelo processo, não por tomar riscos, não por fazer perguntas interessantes, não por tentar ir mais longe.

Acho que isso pode mudar com o tempo, influenciado pela nova cultura das startups de tecnologia, de falhar o mais cedo possível e muitas vezes, de fazer muitos testes.

Por outro lado, tem algumas atividades que realmente não se deve falhar, ou correr o mínimo de risco possível. Eu quero ser operado por um médico cuidadoso, que tem o mínimo de falhas possíveis. Eu quero que o engenheiro que construa minha casa tenha feito todos os cálculos, com margens de segurança para garantir a solidez da estrutura.

Mas nós temos que aprender a ter diferentes mentalidades de acordo com cada atividade que fazemos. Quando estamos criando ou aprendendo uma habilidade, errar é fundamental. E as consequências de errar não são nada negativas, pelo contrário.

Quando praticamos música, não somos médicos nem engenheiros. Se errarmos ninguém vai morrer.