Domínio a partir da variedade de experiências

Ricardo LaudaresPrática Musical

Quem começou a aprender violão comigo sabe que eu recomendo não se preocupar em tocar cordas diferentes na mão direita de acordo com o acorde. Eu sei que isso às vezes resulta num som um pouco sujo, mas eu acho um preço justo a se pagar para o aluno poder dedicar sua atenção a outras coisas que ele ainda está aprendendo, como onde colocar os dedos da mão esquerda nos acordes, ou na fluência rítmica.

Ok. Só que depois de algum tempo é hora do estudante começar a se preocupar com isso. E como treinar? Um jeito é pensar qual é a nota mais grave de cada acorde e treinar olhando pra mão direita buscando acertar essas cordas diferentes em cada situação. Esse é um treino específico para resolver o problema, e funciona muito bem.

Mas pra ser sincero, eu não acho que foi assim que eu realmente aprendi essa habilidade de tocar cordas diferentes em cada acorde. Eu acredito que eu aprendi isso de maneira indireta, a partir de outras experiências. Experiências como dedilhados, pois nesses o polegar acompanha a corda mais grave de cada acorde. Ou talvez tocando com palheta músicas que tinham uma linha de baixo constante e alguns ataques nos acordes. Ou fazendo ritmos que fazem a parte grave dos acordes alternada da parte aguda, como o clássico Wonderwall (do Oasis).

Pode até ser que eu fiz alguns treinos específicos para aprender isso, eu não me lembro. Mas sem dúvida, a soma de todas as experiências que eu tive me ajudaram muito em dominar essa habilidade.

Treinos específicos são o caminho mais direto para resolver um problema técnico. Mas além disso, o que eu recomendo para os meus alunos é serem ecléticos. Ecléticos em explorar diferentes técnicas, diferentes possibilidades do seu instrumento, diferentes estilos musicais. Ter diferentes experiências é uma estratégia interessante e eficaz de ganhar domínio técnico do seu instrumento musical.