Desenvolvendo a técnica com músicas fáceis

Ricardo LaudaresPrática Musical, Técnica

Na época de faculdade eu e alguns colegas organizamos um grupo de jazz para colocar em prática o que estávamos estudando sobre esse gênero musical. Em relação ao repertório, um dos meus colegas queria escolher apenas músicas mais complexas, com rítmicas exóticas, ou que eram muito rápidas. Eu por outro lado, sentia falta de trabalhar músicas que eram mais simples. Eu acreditava que ao tocar uma música que demandava menos tecnicamente, seria possível prestar atenção em outras nuances da performance, como a dinâmica, o balanço da música, o groove da banda…

Eu continuo com a mesma opinião. 

Na busca de desenvolver a técnica, eu acredito que o aluno tem duas abordagens importantes para seguir. Uma é escolher músicas que tem grandes desafios técnicos. Aquelas que exigem esforço pra conseguir tocar. Músicas que são rápidas ou complicadas, por exemplo. Se for no canto pode ser uma música que tem notas muito agudas ou uma técnica difícil de executar.

A outra abordagem é buscar desenvolver a técnica nas músicas mais fáceis também. Uma música que eu canto com facilidade me permite prestar mais atenção na minha afinação, ou no timbre da minha voz. Uma música fácil de tocar me permite focar no som das notas ou dos acordes, perceber se eu estou tocando com o ritmo adequado (sem correr, com um balanço legal), e se eu estou tocando com limpeza e clareza.

Essa é a minha estratégia para desenvolver a técnica. Equilibrar o repertório com músicas fáceis e difíceis.

Pra quem está sempre buscando um novo desafio técnico, vale a pena se perguntar se aquilo que ele já sabe tocar não poderia ser melhorado também.